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sexta-feira, 23 de agosto de 2013

terça-feira, 6 de agosto de 2013

ARTIGO: ''O Eu e os Outros''


Análise da Exposição ‘‘O Eu e os Outros’’-
João Paulo Machado









Ana Beatriz Miquelutti de Oliveira
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFU / Uberlândia - anabiaoliver@ig.com.br
Gabriela Caetano Buiatti
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFU / Uberlândia - gabriela_buiatti@hotmail.com
Karen Moreira
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFU / Uberlândia - kah.m@hotmail.com
Larissa Oliveira Castilho
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFU / Uberlândia - larissa.ocastilho@gmail.com  
Thaís Scharf
Graduanda em Arquitetura e Urbanismo - UFU / Uberlândia - thais.scharf@hotmail.com  










RESUMO:
         Este artigo tem como objetivo expor as analises e reflexões a cerca da exposição da obra ‘‘o eu e os outro’’, do artista João Paulo Machado, que esteve aberta a visitações no Museu Universitário de Arte de Uberlândia, no período de 13 de maio a 21 de junho de 2013. Serão abordadas questões referentes à área de estudo da semiótica, que é um campo que estuda as formas como o individuo transfere significado as coisas que estão ao seu redor, e interpreta os diferentes signos e linguagens utilizadas para a transmissão de informações, assim como as divergências em relação à utilização dos termos semântica, que está relacionado ao estudo do significado, e estética,, que envolve os fundamentos da arte. A partir do emprego de um referencial teórico-conceitual indicado, serão apresentadas as possíveis sensações e impressões obtidas em um primeiro contato com a obra em questão, sem o prévio conhecimento das intenções do autor na realização da mesma, com o objetivo de posteriormente analisar se o método e o ambiente criados para a transmissão da mensagem, condizem com o pensamento e a intenção do artista à cerca das reações e percepções esperadas pelo mesmo, e se a intuito da obra foi compreendido. Ao final haverá a apresentação das discussões e críticas à cerca da forma de linguagem escolhida, encerrando com as conclusões e proposições obtidas.


Palavras-chave: semiótica, arte, estética, estranheza, obra, análise.


ABSTRACT:

           This article aims to explain the analyzes and reflections about the exhibition of the work'' self and other,'' the artist João Paulo Machado, that was open to visitations at the Museum of Art University of Uberlândia, in the period of 13 May to June 21, 2013. It will address issues pertaining to the study area of semiotics, which is a field that studies the ways in which the individual transfers meaning things that are around you, and interprets the different signs and languages ​​used for the transmission of information, as well as differences regarding use of the terms semantic which is related to the study of meaning, and aesthetics, which involves the fundamentals of the art. From the use of a theoretical-conceptual indicated, will be presented the possible sensations and impressions gained in a first contact with the work in question, without the prior knowledge of the author's intentions in making the same, in order to subsequently analyze whether method and environment created for message transmission, consistent with the thought and intent of the artist about the reactions and perceptions of expected the same, and if the purpose of the work was understood. At the end of the presentation there will be discussions and criticisms about the way the language chosen, ending with conclusions and propositions obtained.


Keywords: semiotics, art, beauty, weirdness, work, analysis.


1. INTRODUÇÃO
             Para a apresentação da obra ‘‘o eu e os outros’’ exposta no Museu Universitário de Arte de Uberlândia, foi  criado um cenário que contribuiu com a transmissão da mensagem e do sentimento esperado pelo artista, sendo exibida em um cômodo com todas as paredes pintadas de preto, em que foram dispostos vários quadros de moldura também preta, com as mesmas dimensões e alinhados lado à lado. Nos quadros estavam diversos autorretratos fotográficos, que tem como base a utilização de uma máscara de látex, a qual tinha moldada a forma do rosto do próprio artista, João Paulo Machado, em que todas as fotografias foram tiradas através da câmera de um telefone celular, e com uso sempre da mesma máscara.
       João Paulo Machado tem como proposta para a realização de seu trabalho, o uso de autorretratos, que tem como princípio de criação a ideia desconstrução de uma identidade que contêm sentimentos, inquietações, paixões. Busca questionar a relação que o rosto e a simples aparência tem com a formação da identidade do indivíduo.
         O emprego da mesma máscara em todas as imagens, para o autor da obra, tem como intuito realizar diversas fotografias de si mesmo e de outras pessoas, em que a face real da pessoa fica oculta, fazendo com que as imagens se tornassem muito semelhantes, havendo apenas pequenos detalhes que diferenciassem umas das outras, como roupas e gestos, gerando a impressão e levando a pensar que parte da identidade do artista estivesse presente em cada um dos retratos, mesmo sendo de pessoas completamente diferentes.


2. REFERENCIAL TEÓRICO-CONCEITUAL
 Podemos perceber ao analisar a obra “o eu e os outros” que não se devem impor rótulos para as informações transmitidas. Pois, as primeiras impressões que tivemos ao olhar a obra pela primeira vez muitas vezes não condiz com a realidade e principalmente com a mensagem que o autor pretende passar ao público, como é o caso das sensações de repugnância e nojo.
 Segundo Roman Jakobson, autor do texto, existe diferentes tipos de funções da linguagem: referencial, conotativa, fática, metalingüística, emotiva e estética. Diante isso, pode – se relacionar algumas dessas funções à obra analisada. Referencial: o autor teve a idéia de trabalhar com o autorretrato depois de uma brincadeira com uma amiga no qual havia o fato de que um dia ele mesmo iria tornar – se um senhor ao envelhecer.
 É conotativo quando possibilita um sentido mais amplo e geral além de sua própria significação. Fática, quando estabelece a comunicação entre os diferentes participantes que utilizam de uma mesma característica (máscara). Emotiva: provoca diferentes sensações e impactos. Estética: usa um código de transmissão da mensagem diferente, atraindo a atenção das pessoas pelo estranhamento, pelo modo como é abordado.
             É importante ressaltar que a informação a semântica pode ser traduzida para outro código ou forma de linguagem sem alterar seu significado e seu sentido, contrariamente a estética, pois para esta cada meio de transmissão da mensagem contém sua especificidade e esta é fundamental para a interpretação da mesma.

            A obra nos possibilita diversas interpretações e reinterpretações, antes e depois de saber a intenção do autor ao passar a mensagem ao público. No entanto considera-se que não há uma mensagem única e definitiva. Os conhecimentos culturais, teóricos, e as diferentes experiências particulares de cada pessoa, irão gerar diversos entendimentos de uma essência artística.

3. MATERIAIS E MÉTODOS
             Para realizar a análise da obra “Eu e os Outros” foi primeiramente lido, para que fosse tomado como base, o texto de Roman Jakobson.
             Ao chegar à exposição, observando as imagens, uma variedade de sensações e impressões nos foram passadas, sendo as mesmas tomadas como ponto inicial da análise. “Medo”, “repulsa” e “angustia” foram algumas das primeiras palavras chave com as quais pudemos relacionar as imagens, levado em conta a forma como estavam organizadas, como eram fotografadas, além de seus tons e texturas.
             O passo seguinte foi tentar interpretar essas sensações, buscar descobrir qual foi a intenção do autor ao fazer os retratos e o que eles podiam nos passar. Neste ponto do trabalho várias possibilidades foram cogitadas e discutidas pelo grupo. Primeiramente as faces nos quadros foram relacionadas com fetos, devido ao fato de suas características faciais estarem escondidas e/ou destorcidas, além da paleta de cores que compunha o trabalho. Posteriormente notou-se a clara intenção do autor em esconder a face das pessoas, sendo a mesma sempre escondida ou desfigurada. Levando-se em conta a forma como o rosto se coloca como principal fonte de caracterização do ser humano notou-se que o trabalho provavelmente estivesse ligado à identidade humana geral e/ou individual do autor.
            E finalmente lendo as informações sobre a obra tornou-se possível fazer uma análise mais a fundo de todo o trabalho, relacionando-o com nossas primeiras impressões, análises e com o texto previamente lido.


4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS RESULTADOS
O artista João Paulo Machado, tem como tema principal de suas obras o autorretrato, através deste trabalho, explora uma maneira inusitada de utilizar o tema.
Simultaneamente a identidade é construída e desconstruída, ao fotografar outras pessoas, as quais utilizam uma máscara de látex com as formas de seu rosto, consegue explorar a sua face em outros corpos.
            A desconstrução da identidade teve como início o fato de que ele, o autor, um dia iria envelhecer e se tornar o “ Seu João”, assim, buscou expressar as inquietações, sentimentos e emoções de cada pessoa e de si próprio.
           Embora com o rosto coberto, cada pessoa tem um diferencial, algo que lhe imprimi uma identidade diferente, seja pela posição, pela roupa ou pelo modo de segurar a máscara, as fotos possuem características particulares.
           O artista também se fotografou, porém, embora não use máscara, seu rosto aparece desfocalizado, de modo a ser impossível identificar perfeitamente seus traços.
           Ao utilizar uma câmera de celular para realizar o trabalho, garante que o resultado traga estranheza, pois não há perfeita clareza no que é fotografado, devido à provável baixa resolução da câmera utilizada, ao olhar cada um dos quadrinhos de foto, o observador reflete e pensa sobre o trabalho, há uma noção da existência de semelhança entre as fotos, porém, não se sabe ao certo de que se trata.
          Assim, o artista consegue despertar a curiosidade sobre o que é a identidade, o que cada um é, sente, deseja, e como ao mesmo tempo pessoas podem ser diferentes e parecidas por diversos aspectos, a (des)construção da identidade proposta por João Paulo, provoca discussões e reflexões, diferentes sensações, satisfazendo assim a intenção do autor.


5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
      A análise da obra “eu e os outros” pode gerar diversas interpretações e questionamentos, que podem ir além das interpretações do autor, João Paulo Machado. Para atrair a atenção das pessoas, ele utiliza a função estética através do estranhamento causado pelas fotografias.
       Pode-se concluir que o autor através da sua obra conseguiu transmitir sua intenção, assim como também consegue abordar uma discussão mais ampla sobre seu trabalho que através do autorretrato fotográfico tenta mostrar um lado envelhecido do seu próprio eu, mas sem que sua identidade real seja revelada. A máscara busca a desconstrução da identidade do autor, e de seus sentimentos que surgiram com o passar do tempo, angústias, dúvidas,etc. Também pode ser questionada a relação entre a aparência do indivíduo com a sua identidade; assim não é válido julgar a identidade do indivíduo apenas pela sua aparência, manias, já que cada pessoa tem uma história de vida diferente da outra, com vitórias, obstáculos e frustrações.

6. REFERÊNCIAS
COELHO NETTO, João Teixeira. A informação estética e a outra..In: Semiótica, Informação e Comunicação: diagrama da teoria do signo. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.