Análise
da Exposição ‘‘O Eu e os Outros’’-
João
Paulo Machado
Ana Beatriz Miquelutti de
Oliveira
Gabriela Caetano Buiatti
Karen Moreira
Larissa Oliveira
Castilho
Thaís Scharf
RESUMO:
Este
artigo tem como objetivo expor as analises e reflexões a cerca da exposição da
obra ‘‘o eu e os outro’’, do artista João Paulo Machado, que esteve aberta a
visitações no Museu Universitário de Arte de Uberlândia, no período de 13 de
maio a 21 de junho de 2013. Serão abordadas questões referentes à área de
estudo da semiótica, que é um campo que estuda as formas como o individuo
transfere significado as coisas que estão ao seu redor, e interpreta os
diferentes signos e linguagens utilizadas para a transmissão de informações,
assim como as divergências em relação à utilização dos termos semântica, que
está relacionado ao estudo do significado, e estética,, que envolve os
fundamentos da arte. A partir do emprego de um referencial teórico-conceitual
indicado, serão apresentadas as possíveis sensações e impressões obtidas em um
primeiro contato com a obra em questão, sem o prévio conhecimento das intenções
do autor na realização da mesma, com o objetivo de posteriormente analisar se o
método e o ambiente criados para a transmissão da mensagem, condizem com o
pensamento e a intenção do artista à cerca das reações e percepções esperadas
pelo mesmo, e se a intuito da obra foi compreendido. Ao final haverá a
apresentação das discussões e críticas à cerca da forma de linguagem escolhida,
encerrando com as conclusões e proposições obtidas.
Palavras-chave: semiótica, arte, estética,
estranheza, obra, análise.
ABSTRACT:
This
article aims to explain the analyzes and reflections about the exhibition of
the work'' self and other,'' the artist João Paulo Machado, that was open to
visitations at the Museum of Art University of Uberlândia, in the period of 13
May to June 21, 2013. It will address issues pertaining to the study area of
semiotics, which is a field that studies the ways in which the individual
transfers meaning things that are around you, and interprets the different
signs and languages used for the transmission of information, as well as
differences regarding use of the terms semantic which is related to the study
of meaning, and aesthetics, which involves the fundamentals of the art. From
the use of a theoretical-conceptual indicated, will be presented the possible
sensations and impressions gained in a first contact with the work in question,
without the prior knowledge of the author's intentions in making the same, in
order to subsequently analyze whether method and environment created for message
transmission, consistent with the thought and intent of the artist about the
reactions and perceptions of expected the same, and if the purpose of the work
was understood. At the end of the presentation there will be discussions and
criticisms about the way the language chosen, ending with conclusions and
propositions obtained.
Keywords: semiotics, art, beauty, weirdness, work,
analysis.
1. INTRODUÇÃO
Para a apresentação
da obra ‘‘o eu e os outros’’ exposta no Museu Universitário de Arte de
Uberlândia, foi criado um cenário que contribuiu com a transmissão da
mensagem e do sentimento esperado pelo artista, sendo exibida em um cômodo com
todas as paredes pintadas de preto, em que foram dispostos vários quadros de
moldura também preta, com as mesmas dimensões e alinhados lado à lado. Nos
quadros estavam diversos autorretratos fotográficos, que tem como base a
utilização de uma máscara de látex, a qual tinha moldada a forma do rosto do
próprio artista, João Paulo Machado, em que todas as fotografias foram tiradas
através da câmera de um telefone celular, e com uso sempre da mesma máscara.
João Paulo Machado tem como proposta
para a realização de seu trabalho, o uso de autorretratos, que tem como
princípio de criação a ideia desconstrução de uma identidade que contêm
sentimentos, inquietações, paixões. Busca questionar a relação que o rosto e a
simples aparência tem com a formação da identidade do indivíduo.
O emprego da mesma máscara em todas as
imagens, para o autor da obra, tem como intuito realizar diversas fotografias
de si mesmo e de outras pessoas, em que a face real da pessoa fica oculta,
fazendo com que as imagens se tornassem muito semelhantes, havendo apenas
pequenos detalhes que diferenciassem umas das outras, como roupas e gestos,
gerando a impressão e levando a pensar que parte da identidade do artista
estivesse presente em cada um dos retratos, mesmo sendo de pessoas
completamente diferentes.
2. REFERENCIAL
TEÓRICO-CONCEITUAL
Podemos perceber ao analisar a obra “o eu e os
outros” que não se devem impor rótulos para as informações transmitidas. Pois,
as primeiras impressões que tivemos ao olhar a obra pela primeira vez muitas
vezes não condiz com a realidade e principalmente com a mensagem que o autor
pretende passar ao público, como é o caso das sensações de repugnância e nojo.
Segundo Roman Jakobson, autor do texto, existe
diferentes tipos de funções da linguagem: referencial, conotativa, fática,
metalingüística, emotiva e estética. Diante isso, pode – se relacionar algumas
dessas funções à obra analisada. Referencial: o autor teve a idéia de trabalhar
com o autorretrato depois de uma brincadeira com uma amiga no qual havia o fato
de que um dia ele mesmo iria tornar – se um senhor ao envelhecer.
É conotativo quando possibilita um sentido
mais amplo e geral além de sua própria significação. Fática, quando estabelece
a comunicação entre os diferentes participantes que utilizam de uma mesma
característica (máscara). Emotiva: provoca diferentes sensações e impactos.
Estética: usa um código de transmissão da mensagem diferente, atraindo a
atenção das pessoas pelo estranhamento, pelo modo como é abordado.
É
importante ressaltar que a informação a semântica pode ser traduzida para outro
código ou forma de linguagem sem alterar seu significado e seu sentido,
contrariamente a estética, pois para esta cada meio de transmissão da mensagem
contém sua especificidade e esta é fundamental para a interpretação da mesma.
A obra nos possibilita diversas interpretações
e reinterpretações, antes e depois de saber a intenção do autor ao passar a
mensagem ao público. No entanto considera-se que não há uma mensagem única e
definitiva. Os conhecimentos culturais, teóricos, e as diferentes experiências
particulares de cada pessoa, irão gerar diversos entendimentos de uma essência
artística.
3. MATERIAIS E MÉTODOS
Para realizar a análise da obra
“Eu e os Outros” foi primeiramente lido, para que fosse tomado como base, o
texto de Roman Jakobson.
Ao chegar à exposição,
observando as imagens, uma variedade de sensações e impressões nos foram
passadas, sendo as mesmas tomadas como ponto inicial da análise. “Medo”,
“repulsa” e “angustia” foram algumas das primeiras palavras chave com as quais
pudemos relacionar as imagens, levado em conta a forma como estavam
organizadas, como eram fotografadas, além de seus tons e texturas.
O passo seguinte foi tentar
interpretar essas sensações, buscar descobrir qual foi a intenção do autor ao fazer
os retratos e o que eles podiam nos passar. Neste ponto do trabalho várias
possibilidades foram cogitadas e discutidas pelo grupo. Primeiramente as faces
nos quadros foram relacionadas com fetos, devido ao fato de suas
características faciais estarem escondidas e/ou destorcidas, além da paleta de
cores que compunha o trabalho. Posteriormente notou-se a clara intenção do
autor em esconder a face das pessoas, sendo a mesma sempre escondida ou
desfigurada. Levando-se em conta a forma como o rosto se coloca como principal
fonte de caracterização do ser humano notou-se que o trabalho provavelmente
estivesse ligado à identidade humana geral e/ou individual do autor.
E finalmente lendo as informações
sobre a obra tornou-se possível fazer uma análise mais a fundo de todo o
trabalho, relacionando-o com nossas primeiras impressões, análises e com o
texto previamente lido.
4. DISCUSSÃO E ANÁLISE DOS
RESULTADOS
O
artista João Paulo Machado, tem como tema principal de suas obras o
autorretrato, através deste trabalho, explora uma maneira inusitada de utilizar
o tema.
Simultaneamente
a identidade é construída e desconstruída, ao fotografar outras pessoas, as
quais utilizam uma máscara de látex com as formas de seu rosto, consegue
explorar a sua face em outros corpos.
A desconstrução da identidade teve
como início o fato de que ele, o autor, um dia iria envelhecer e se tornar o “
Seu João”, assim, buscou expressar as inquietações, sentimentos e emoções de
cada pessoa e de si próprio.
Embora com o rosto coberto, cada pessoa tem um
diferencial, algo que lhe imprimi uma identidade diferente, seja pela posição,
pela roupa ou pelo modo de segurar a máscara, as fotos possuem características
particulares.
O artista também se fotografou,
porém, embora não use máscara, seu rosto aparece desfocalizado, de modo a ser
impossível identificar perfeitamente seus traços.
Ao utilizar uma câmera de celular
para realizar o trabalho, garante que o resultado traga estranheza, pois não há
perfeita clareza no que é fotografado, devido à provável baixa resolução da
câmera utilizada, ao olhar cada um dos quadrinhos de foto, o observador reflete
e pensa sobre o trabalho, há uma noção da existência de semelhança entre as
fotos, porém, não se sabe ao certo de que se trata.
Assim, o artista consegue despertar a
curiosidade sobre o que é a identidade, o que cada um é, sente, deseja, e como
ao mesmo tempo pessoas podem ser diferentes e parecidas por diversos aspectos,
a (des)construção da identidade proposta por João Paulo, provoca discussões e
reflexões, diferentes sensações, satisfazendo assim a intenção do autor.
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A análise da obra “eu e os outros” pode
gerar diversas interpretações e questionamentos, que podem ir além das
interpretações do autor, João Paulo Machado. Para atrair a atenção das pessoas,
ele utiliza a função estética através do estranhamento causado pelas
fotografias.
Pode-se concluir que o autor através da sua
obra conseguiu transmitir sua intenção, assim como também consegue abordar uma
discussão mais ampla sobre seu trabalho que através do autorretrato fotográfico
tenta mostrar um lado envelhecido do seu próprio eu, mas sem que sua identidade
real seja revelada. A máscara busca a desconstrução da identidade do autor, e
de seus sentimentos que surgiram com o passar do tempo, angústias, dúvidas,etc.
Também pode ser questionada a relação entre a aparência do indivíduo com a sua
identidade; assim não é válido julgar a identidade do indivíduo apenas pela sua
aparência, manias, já que cada pessoa tem uma história de vida diferente da
outra, com vitórias, obstáculos e frustrações.
6. REFERÊNCIAS
COELHO
NETTO, João Teixeira. A
informação estética e a outra..In: Semiótica, Informação e Comunicação:
diagrama da teoria do signo. Ed. São Paulo: Perspectiva, 2011.